O contrabaixista e compositor André Carvalho, natural de Lisboa, Portugal, residente em Nova Iorque desde 2014, apresenta o seu terceiro álbum como líder, The Garden of Earthly Delights, com lançamento a 17 de Maio de 2019.

“O Forlorn Mill é um dos meus temas preferidos do disco e foi, sem dúvida, um dos que me deu mais gozo escrever. Foi inspirado num dos momentos mais alucinantes do painel que representa o Inferno de Hieronymus Bosch, momento esse em que todas as almas pecadoras parecem dirigir-se para um moinho. Julgo que toda esta intensidade transparece neste movimento da Suite, visto que há fortes influências rock, de música contemporânea e improvisada, que lhe dão esse carácter cru e áspero.

É também um dos movimentos que mais gosto de tocar, visto que envolve duas coisas aparentemente distantes como tocar a tempo e em rubato. O contrabaixo e a bateria mantêm um groove enquanto os sopros e a guitarra tocam as melodias de forma desconexa e flutuante, dando lugar posteriormente a um solo colectivo totalmente livre e terminando novamente com a melodia inicial.”

The Garden of Earthly Delights conta com a participação de famosos músicos internacionais:
- Jeremy Powell, um saxofonista Americano, um dos mais influentes músicos no panorama de Nova Iorque. Tocou com Miguel Zenon, Eddie Palmieri, Arturo O’Farrill entre muitos outros. Powell recebeu o prémio de “Melhor Saxofonista” pela Creative Loafing e a YAK Fellowship
- Eitan Gofman, jovem saxofonista Israelista que tocou com Randy Brecker, Gerald Clayton, Eddie Gomez, David Liebman entre muitos outros
- Oskar Stenmark, trompetista Sueco que tocou com nomes como Maria Schneider Orchestra, David Byrne, Arturo O’Farrill, Bohusland Big Band entre muitos outros
- André Matos, oriundo de Portugal, guitarrista que tocou com Sara Serpa, Billy Mintz, Pete Rende, Jacob Sacks, Thomas Morgan entre muitos outros
- Rodrigo Recabarren, baterista Chileno com uma vasta experiência e cujo currículo inclui participações com Camila Meza, Kenny Barron, Kenny Werner, Melissa Aldana, Gilad Hekselman entre muitos outros

Os seus dois primeiros álbuns, Hajime e Memória de Amiba, mostraram uma música com uma visão extremamente pessoal, apresentando uma mistura original de Jazz contemporâneo com elementos de música portuguesa. Ambos os projectos receberam rasgados elogios tanto de críticos Portugueses como internacionais. Carvalho venceu o prémio “Carlos Paredes” em 2012, um prestigiado prémio que reconhece projectos musicais de excelência, assim como o prémio de “Melhor Grupo” no Bucharest International Jazz Competition.

Com The Garden of Earthly Delights, o contrabaixista e compositor apresenta um brilhante universo sonoro, inspirado na enigmática obra de Hieronymus Bosch, nomeadamente um dos seus mais famosos quadros - The Garden of Earthly Delights (1490-1510, Museu do Prado, Madrid). Carvalho escreveu uma suite musical em vários andamentos que serve de convite para uma viagem. Com momentos de tensão e de calma, entre a suavidade e a brutalidade, simplicidade e complexidade, harmonia e conflito, a música flui entre paisagens inspiradas no célebre tríptico.

AllAboutJazz afirmou que as composições de Carvalho são “impressionantemente bem estruturadas” e que “a sua escrita apresenta diversas texturas e camadas de som que proporcionam ao ouvinte a sensação de um ensemble muito maior, mas que Carvalho não tem medo de dar espaço a apenas um ou dois músicos, criando alguns alguns momentos inesquecíveis.” Mais ainda, em The Garden of Earthly Delights, a “atraente veia compositional de André, bem enraizada nas modernas tendências do Jazz” (JazzTrail), apresenta uma negra e chocante paisagem sonora, orquestrada genialmente apenas para um sexteto, com polifonia digna de New Orleans, uma dose avant-garde e de drama oriundo do fado, isto tudo numa única faixa, “Prelude”.

Relativamente à génese desta obra, Carvalho disse - “Sempre quis escrever uma obra de dimensão maior, com vários movimentos ou andamentos, de alguma forma interligado entre si. Paralelamente, e por mero acaso, ao revisitar a obra de Bosch senti-me motivado para exprimir a singularidade do universo deste quadro através da minha música”. A Suite deambula entre dicotomias antagónicas como a música totalmente improvisada vs. música composta, consonância vs. dissonância, com uma forte influência em Jazz, música contemporânea e música improvisada. Esta é uma obra com um carácter exploratório e que segue uma direcção diferente do trabalho de Carvalho até então, mostrando a sua evolução criativa, imaginação e virtuosismo tanto com a sua escrita como com a sua performance no contrabaixo.

The Garden of Earthly Delights foi gravado em Abril de 2018 no The Bunker Studio em Brooklyn, Nova Iorque e foi misturado pelo incrível pianista, engenheiro e produtor Pete Rende, e masterizado pelo multi-instrumentista Nate Wood.

“Esta tour passará por várias cidades diferentes nos EUA, Portugal e Espanha e isso entusiasma-me muito! Será a primeira vez que estarei a tocar com o meu grupo em Espanha, em Cleveland, num dos mais importantes clubes de Jazz do mundo (Blue Note, NY) e no Museu Nacional da Arte Antiga (onde se encontra o único quadro de Hieronymus Bosch em Portugal), entre muitas outras novidades.

Antes de gravarmos o disco, tivemos a oportunidade de tocar a música do novo disco algumas vezes. A sensação foi sempre incrível e cada concerto foi bastante diferente do anterior, visto haver muito espaço para o improviso e espontaneidade. Por isso, estou com imensa vontade de apresentar o disco e ver o resultado de cada um dos concertos. Espero que esta novidade que urgirá naturalmente de cada concerto vos faça vir não só uma vez como a duas, três ou mais!”


Mais sobre André Carvalho:

O currículo de André é vasto, precioso e invejável, tendo trabalho com Chris Cheek, Will Vinson, Ian Froman, Colin Stranahan, André Matos, Tommy Crane, Vinnie Sperrazza, Mário Laginha, Billy Mintz, Maria João, Gilberto Gil, European Movement Jazz Orchestra, entre muitos outros. Com mestrado pela Manhattan School of Music em Jazz perfomance como bolseiro Fulbright, André tocou também extensivamente para além do âmbito do Jazz, nomeadamente com a Orquestra Ibero-Americana (sob a direcção de Gustavo Dudamel), Anton Webern Orchestra (sob a direcção de Franz Welser-Most e Heinrich Schiff), Orquestra Metropolitana de Lisboa (sob a direcção de Michael Zilm), o ensemble de música contemporânea Octothorpe. O seu interesse pelo fado levou-o a tocar com importantes nomes como Carlos do Carmo e Cristina Branco.

André tem-se apresentado intensivamente pela Europa, tanto como líder como sideman, em Portugal, Espanha, Áustria, Alemanha, Finlândia, Suiça, Inglaterra, Croácia, Itália, Eslovénia, Sérvia, Roménia, Bélgica assim como nos Estados Unidos e Egipto.

©2019 André Carvalho
Gravado no Bunker Studio, em Brooklyn, Nova Iorque, por Nolan Thies, entre 7 e 15 de Abril de 2018
Produzido por André Carvalho e Pete Rende
Misturado por Pete Rende
Masterizado por Nate Wood no Kerseboom Mastering
Artwork e design por Margarida Girão
Todos os temas da autoria de André Carvalho

Oskar Stenmark: trompete, filiscorne (6)
Eitan Gofman: saxofone tenor (2, 4, 5, 10), flauta (3, 4), clarinete baixo (1, 7, 11)
Jeremy Powell: Saxofone soprano (1, 2, 4, 5, 10), saxofone tenor (6, 8, 11), flauta (5)
André Matos: guitarra
André Carvalho: contrabaixo, papel amarrotado
Rodrigo Recabarren: bateria, percussão, bombo leguero

1. Prelude (7:06)
2. The Fools of Venus (6:51)
3. The Fountain (4:34)
4. Dracaena Draco (4:17)
5. Of Mermaids and Mermen (6:38)
6. Cherries, Brambles and Strawberries (5:05)
7. The Towers of Eden (5:56)
8. Evil Parade (5:01)
9. The Thinker in the Tavern (2:54)
10. The Forlorn Mill (6:03)
11. Phowa (4:04)