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Blog-comentários ao especial 'Rock Made In Portugal - Parturiunt Montes: Nascitur Ridiculus Rock' de Melo da Rocha e Carlos Feixa, Mundo da Canção, Outono 1981

PARTE 1

Com coordenação do Nuno Galopim, já está disponível uma colectânea sobre o rock português de 80; é um assunto interessante ao qual voltarei muito em breve; até porque coincide com o início, ainda meio amador e part-time, da minha carreira comunicativa, e tenho memórias ainda frescas dessa época. Como introdução, achei interessante recuperar um especial publicado no final de 1981 sob o titulo, "Rock Made in Portugal - Parturiunt Montes: Nascitur Ridiculus Rock", da autoria de Melo da Rocha e de Carlos Feixa.

O texto, aliás longo e que, como vão ver, inclui entrevistas com alguns dos lídimos representantes do movimento, começa por dissertar sobre o que é ou não rock, origens e estilos, para chegar ao primeiro momento que nos interessa partilhar: "o cavalo de batalha da originalidade no rock, em especial em Portugal é um tema no vazio, porque o rock não vive com o fim de se tornar original, mas deve viver na mensagem que se quer transmitir, sendo a música um meio de que serve..." Comentários que hoje fariam sentido, se fosse incluída a componente visual, estética e de pura fashion, áreas que evidentemente nos primórdios de 80, sem telemúsica generalizada, não fazia muito sentido. E seis anos após Abril, o reforço de significantes de intervenção eram ainda centrais a qualquer discussão artistico-profissional. Mas logo a seguir surge um dos nacos mais interessantes: "Portugal vê-se subitamente invadido por um dito movimento de rock cantado em português e que insiste em ter uma identidade própria. O seu aparecimento tem-nos sido apresentado como um fenómeno milagroso, pretendendo-se esquecer que sempre houve grupos de rock em Portugal com uma responsabilidade marcada, não na génese deste fenómeno em si, mas fundamentalmente por um abrir de portas que serviram de entrada a estes novos grupos". A razão para esta posição, é explicada logo a seguir, mas o mais interessante é que o fundo neo-sacrossanto da coisa, ressurge num outro contexto 20 anos depois. Neste caso, os autores olhavam para e gostavam unicamente de "lembrar o contributo para a música em geral e rock em especial dos 1111, Pop 5, Chinchilas, Objectivo e tantos outros...".

A seguir as ideias dos protagonistas, observados sob o prisma de viagem no tempo: expressas num momento histórico, sem qualquer consciência do que os 23 anos que se seguiriam, poderiam representar...

PARTE 2

Na segunda parte deste trabalho, explica-se que se começa por grupos do Norte, prometendo-se olhar para os do Sul, logo a seguir. A primeira escolha chama-se Grupo Novo Rock, ainda sem Reininho. Os autores dizem que na impossibilidade de uma mínima convergência de ideias, de factos, de explicações, o dialogo tornou-se monocórdico, respeitando unicamente e por vezes mal, a banal pergunta-resposta. E uma das perguntas mais interessantes surge logo no inicio: "Porquê, em português?...é a tal coisa do contacto directo com o publico. Estamos em Portugal, queremos fazer-nos entender e ter uma relação muito directa com o publico. Cantamos em português para eles perceberem o que estamos a dizer. Não queremos criar imagens nem sermos parecidos com os estrangeiros". A questão e a resposta continuam a ser actuais no século XXI. A seguir o Grupo Novo Rock, justifica a corrente afirmando que não foi apenas por culpas das editoras (outra questão com barbas de Matusalém) que a cena portuguesa se atrasou. "O que acontecia na maior parte dos casos era que pretendiam copiar Yes e Genesis e andavam meses naquilo..." A questão seguinte é igualmente interessante: "O que é que pensam da publicidade e protecção que tem sido prestada ao rock português?", a resposta é ainda mais interessante. "A rádio está a passar rock português, os jornais etc. No meio disto está a haver uma moda. Depois vamos lá ver quem fica: há músicos ligeiros a fazer de conta que fazem rock, porque é um género que está a vender. Ao fim e ao cabo está a haver uma grande misturada...".

E para concluir a ideia que "está tudo a estoirar os conceitos, todos, mesmo, os do rock que havia nos anos 70. Aquelas coisinhas bonitas, o Vietname, os mitos do futuro acabaram. É necessário fazer alguma coisa na cultura em geral, isto é, fazer uma revoluçãozinha a todos os níveis".

PARTE 3

A parte 3, inclui uma entrevista com os lendários Jafumega. "De momento não existe um movimento de rock português mas acredito que venha a existir. "Mais adiante, a perspectiva ainda hoje comum, que o português é mais difícil de cantar, mas que a intenção é cantar exclusivamente na nossa língua, para uma melhor comunicação com o publico. Logo a seguir a pergunta comum. "Existe um movimento de rock português?" a resposta não se afasta muito das posições da época. "Há muitas pessoas e grupos a aproveitarem-se desta onda. Urge separar o trigo do joio. Não existem cá estruturas nem entreajuda nos grupos mas sim grandes rivalidades o que acaba por ser prejudicial ao rock. Outro aspecto importante é que as aparelhagens continuam caríssimas e existem grupos com qualidade sem aparelhagens à altura. Por outro lado, só depois do aparecimento do Rui Veloso, as editoras começaram a apostar no rock português....

PARTE 4

Não para de me surpreender o "regresso ao passado" em tantas coisas mais do que actual, permitido por este artigo de fundo publicado pelo "Mundo da Canção" no Outono de 1981. A próxima parte é dedicada ao rock star que se chama António Garcez, hoje um respeitável cidadão luso-americano, e que na última vez que tive o prazer de o ver, "confundiu" o Fórum da Fnac, com o Madison Square Garden. E começa por ser hiperbólico, à sua boa maneira: "Até à data ninguém me convenceu a cantar rock em português". Após uma série interessante de teorias, Garcez comenta a Lei, afinal aquela que ainda "mexe", de protecção à musica portuguesa. "Acho que é bom para a musica, embora se devessem preocupar mais com os instrumentos que têm preços incríveis, fomentar escolas de música, haver disciplinas de música obrigatórias na escola, etc". Garcez dixit, há 22 anos. Mas há mais: cru e duro, como era seu hábito, o show-man dispara em várias direcções. "Acho [que o] nosso grupo (os Roxigénio) e mais meia dúzia acima da média; quanto aos outros, nem dá para fazer comentários. Há para aí muitos oportunistas. Quando se fala nesta onda de rock, fala-se sempre no Rui Veloso. Quero focar mais uma vez que nada tenho contra ele ao contrário do que certos jornalistas quiseram fazer entender, embora não considere a sua música de boa qualidade, na maioria dos casos; não é um bom músico e não canta rock mas musica ligeira abluesada...".

Por estas e muitas outras, Garcez e a sua alma matosinhense continuam a fazer falta na nosso tímida, e politicamente correctíssima cena. No departamento franqueza, é ainda Reininho quem transporta a tradição "desbocada inteligente e lúcida" que o rocker nortenho, apresentava sob uma capa de polémica e agressividade, por vezes teatral e exagerada, para a obtenção dos efeitos pretendidos. Como aliás é visível, quando mais à frente classifica como pobre, a prestação vocal dos UHF, mas é nos Trabalhadores do Comercio (o grupo new wave do antigo Arte & Oficio, Serjão) que centra a sua afiadíssima língua. "Sobre os Trabalhadores, quero dizer que não servem de exemplo, porque aquilo não é nada. E só quero acrescentar que acho ridículo aproveitarem-se do miúdo como o estão a fazer e creio que eles só existem porque o Arte & Oficio como banda caduca, não dá dinheiro...".

PARTE 5

A propósito de Veloso, e curiosamente dos Taxi, vou transcrever o artigo sem comentários; afinal um naco de prosa pop-rock made in 80s.

TAXI

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primeira falta de comparência

segunda falta de comparência

É DE MAIS!!!!!!!!

a seguir às tentativas telefónicas, presumo ainda com os telemóveis como peças de verdadeira e crua sci-fi.

Trrimm...trimmmm, trimmmm.......trimm....trimmm....trimmm....trimmmm

O Rui Veloso não se encontra em casa, é favor telefonar noutro dia. O resto da historia é semelhante: depois de varias tentativas, os jovens e intrépidos jornalistas, desistem mas deixam uma nota:

"Depois destas três tentativas, necessitávamos de material e na impossibilidade de o adquirir, pelo menos queríamos frisar o nome do iniciador deste movimento [ainda não se pediam mais cinco...] a quem tantas vezes se atribui a responsabilidade. Esperamos algum dia ter o prazer desta entrevista, ainda não conseguida."

Ainda não sei se o conseguiram; já localizei, e nem era difícil, Carlos Feixa. Espero em breve acrescentar mais umas notas a este momento, que me pareceu muito interessante, até porque 10 anos antes, como aliás o tinha referido anteriormente, se abordavam questões semelhantes. Como aliás, 20 anos depois, algumas destas ideias, são ainda, recolocadas no contexto próprio, perfeitamente actuais....

Álvaro Costa                  

TEXTO PUBLICADO NO BLOG VIA RÁPIDA EM JULHO/2003

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